quinta-feira, 19 de julho de 2012

Povoado Alegre, Itaguaçu da Bahia, 16 de julho de 2012


A casa toda range. O vento forte lá fora traz poeira de rua e canto de pássaros.
Estou cá na casa de Seu Agripino que nos deu acolhida, as outras “muié” foram para a cidade, em Itaguaçu, ver se conseguiam vidro e lacre para fogão que nos deu susto ontem – queimou. Por descuido do dono ficou sem lacre, por descuido nosso recebeu bolo sem gente a acompanhar o assar de perto. Quando chegaram na casa de Seu Agripino fogo já estava alto, vidro estilhaçado, até fio de geladeira que estava ao lado queimou. Faltou pouco para explodir, “foi Deus que fez chegar antes”, tempo de fechar gás, tirar geladeira da tomada, balde de água a cessar fogo.
Foram três a verem o fogo, tendo ido ver prontidão de bolo misturado na casa de Cirlene: Seu Agripino, Alice e Júnior. O pequeno, com seus 5 anos foi quem viu primeiro: pulando na cozinha só dizia “vixi, vô, vixi, é fogo!! Vixi!” Seu Agripino correu a tomar providência enquanto Alice correu a chamar gente para ajudar. Mas na corrida desesperou, chegou em frente a Laura, Cirlene e eu e, não querendo assustar, falou calmamente e com sorriso no rosto (e sei que em estado de choque estava com aquela calma aparente):
“Gente, o bolo não deu certo!”
“Por que, Alice?”

“É que pegou fogo na cozinha. A cozinha toda tá queimando.”
“Como assim, Alice, tá brincando, né?!”
“Não... tá... pegando fogo... o bolo não deu certo.”

Corrremos as três para casa de Seu Agripino que felizmente já havia dado jeito. Restou só parede negra e estilhaço de vidro do fogão por todo canto.
Susto grande, ah, foi!
E sendo ontem (dia do ocorrido) domingo e hoje dia de loja aberta, lá foram Laura, Alice e Nonha (filha de seu Agripino) agora a pouco ver se encontram lacre e vidro na cidade.

Agora ouço gente a vir comprar geladinho de Seu Agripino, que faz com a filha e vende para toda a povoação. Já consertaram o fio da geladeira, no mesmo dia veio vizinho e ajeitou. Salvaram-se os geladinhos de maçã verde, uva, acerola, melancia, melão.
  
E segue o ranger das portas e o cantar dos pássaros.

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