Vinda
e ficada por promessa, Clara é uma criança um pouco diferente. Excêntrica, ela
enxerga o que a gente sente e o que não costumamos contar.
Destemida,
ela já se atirou de altura grande, já rezou pra o pai distante e sempre
conseguiu livrar.
Poucos
entendem a menina, ela hoje, puro doce, inquieta quem lhe ver. De pouca idade a
florzinha, com tanta sabedoria, ao invés de brincar de boneca, prefere tudo
entender.
Mas
o mundo tem dessas mesmo, uns nascem prontos, outros crescem cedo... Mistérios,
como entender?
Maria
Clara, Clarinha...
Depois
de perder filho na barriga, o pai de Clara fez promessa para a santa de mesmo
nome. Se criança nascesse com vida, receberia nome de Maria Clara.
Fez
que aconteceu, menina nasceu, nome registrado, saúde fincada, família feliz.
Um belo
dia, mãe querendo desmamar a menina, preparou mamadeira com amor e tudo! Clara
só querendo sumo de peito, ao rejeitar mamadeira acabou se atirando do primeiro
andar. “Cinco metros de altura, pura travessura”, relata sua mãe. “Até hoje
estremeço! Nem os médicos acreditaram no ocorrido! Diziam que se vissem
acreditavam, mas sem ver...”.
Clara
se jogou do primeiro andar e NÃO sofreu nenhum arranhão!
Passou
três dias internada em observação e no quinto dia, já em sua casa chamou a mãe
e disse queria um vestidinho marrom. Em desespero a mãe quase não atendeu ao
pedido da menina. É que na Paraíba, onde Clara nasceu, roupa marrom é mortalha.
E a mãe pensou com certeza que a menina ia morrer.
Mas
mãe sempre faz o que filho pede. Deu a menina o vestido marrom e depois de um
dia inteiro de mortalha, Clara tirou o vestido e falou pra mãe dá pra alguém da
rua.
Anos
depois, em visita a Bom Jesus da Lapa, Maria Clara já crescida, avistou a
imagem de Santa Clara e com muita alegria falou: “Mãe, quero esta santa pra
mim! Foi ela, mamãe, a minha ‘mãe marrom’ que me segurou naquele dia!”.
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