sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Maria Clara

Vinda e ficada por promessa, Clara é uma criança um pouco diferente. Excêntrica, ela enxerga o que a gente sente e o que não costumamos contar.
Destemida, ela já se atirou de altura grande, já rezou pra o pai distante e sempre conseguiu livrar.
Poucos entendem a menina, ela hoje, puro doce, inquieta quem lhe ver. De pouca idade a florzinha, com tanta sabedoria, ao invés de brincar de boneca, prefere tudo entender.
Mas o mundo tem dessas mesmo, uns nascem prontos, outros crescem cedo... Mistérios, como entender?
Maria Clara, Clarinha...
Depois de perder filho na barriga, o pai de Clara fez promessa para a santa de mesmo nome. Se criança nascesse com vida, receberia nome de Maria Clara.
Fez que aconteceu, menina nasceu, nome registrado, saúde fincada, família feliz.
Um belo dia, mãe querendo desmamar a menina, preparou mamadeira com amor e tudo! Clara só querendo sumo de peito, ao rejeitar mamadeira acabou se atirando do primeiro andar. “Cinco metros de altura, pura travessura”, relata sua mãe. “Até hoje estremeço! Nem os médicos acreditaram no ocorrido! Diziam que se vissem acreditavam, mas sem ver...”.
Clara se jogou do primeiro andar e NÃO sofreu nenhum arranhão!
Passou três dias internada em observação e no quinto dia, já em sua casa chamou a mãe e disse queria um vestidinho marrom. Em desespero a mãe quase não atendeu ao pedido da menina. É que na Paraíba, onde Clara nasceu, roupa marrom é mortalha. E a mãe pensou com certeza que a menina ia morrer.
Mas mãe sempre faz o que filho pede. Deu a menina o vestido marrom e depois de um dia inteiro de mortalha, Clara tirou o vestido e falou pra mãe dá pra alguém da rua.
Anos depois, em visita a Bom Jesus da Lapa, Maria Clara já crescida, avistou a imagem de Santa Clara e com muita alegria falou: “Mãe, quero esta santa pra mim! Foi ela, mamãe, a minha ‘mãe marrom’ que me segurou naquele dia!”.


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